quinta-feira, 23 de julho de 2009

A História é um profeta com o olhar voltado para trás

Pense sobre a imagem transmitida pela frase-título. Repare que ela reúne as três dimensões básicas do tempo - passado, presente e futuro.
O profeta é um homem que, como os demais, vive o presente, e viver o presente significa ter consciência da realidade vivida. E ter consciência da realidade significa conhecer o processo histórico que forjou as condições de vida do presente, ou melhor, é conhecer o passado, cujos traços ainda se podem perceber no presente, é conhecer as transformações por que passou e ainda passa a sociedade em que se vive.
E o que vem a ser um profeta?
Profeta é aquele que fala sobre o futuro: mostra. às vezes através de uma linguagem metafórica e geralmente apocalíptica, o que ainda está por acontecer. Ora, por que o profeta é capaz de fazer isso? Seria ele um privilegiado, um gênio?
Não, ele é apenas um homem que, conhecendo o passado e, portanto, tendo consciência clara da realidade vivida no presente, pode perceber as tendências das transformações sofridas pela sociedade em que vive - pode, enfim, prever o futuro.
Agora, pense um pouco...Essa possibilidade de compreensão do contexto em que se vive tem sido privilégio de alguns poucos homens. Hoje, no século XXI, podemos perguntar: o que poderia contribuir para permitir essa percepção a muitos homens? Como fazer de todos os homens os profetas de seu tempo?
Se todos os homens de uma sociedade puderem ter a consciência clara da realidade vivida por eles, e dessa forma perceberem as tendências das transformações sociais, terão consciência também do seu poder de transformar o mundo. E, portanto, não mais teriam a visão fatalista do profeta. Na verdade, os profetas não existiriam. Os homens seriam, verdadeiramente, os senhores de seus destinos. Saberiam que seus atos são de enorme importância para o futuro. Melhor ainda, o tempo que os separa do futuro seria apenas o tempo gasto para a construção do sonho do presente. E os homens seriam realmente livres, pois estariam abrindo caminho para a sua própria libertação e para a libertação de todos os homens.
E como chegar a essa condição de senhores dos próprios destinos? Como chegar a ter a liberdade para pensar e agir de acordo com as necessidades mais reais e vitais, de acordo com os sonhos?
Bem, para isso muita coisa precisa ser feita, coisas bem concretas, ligadas, principalmente, às condições de subsistência, ao modo de produção da sociedade. Por quê?
Porque seria ilusão pensarmos que a construção de um mundo melhor depende apenas da melhoria de cada homem individual e isoladamente. Você não deve esquecer que o que somos interiormente é fruto do nosso modo de vida, das condições de vida da nossa sociedade. Portanto, será melhorando as condições de vida da sociedade como um todo, sem discriminações de espécie alguma, que poderemos almejar o encontro com homens inteiros, íntegros e dignos. Porém, é claro, o aspecto ideológico é igualmente importante no processo de construção de um mundo melhor, pois nenhuma sociedade poderá resolver de forma global seus problemas se não puder contar com a totalidade de seus integrantes, não apenas como trabalhadores braçais, mas também como trabalhadores intelectuais.
Ora, você leitor já deve ser capaz de perceber aonde quero chegar!!!
Em qualquer grupo, os homens precisam conhecer a História da sociedade em que atuam. Precisam ter consciência histórica para serem verdadeiramente homens. Você já pode perceber que ter consciência histórica é conhecer as transformações vividas na sociedade em que se atua. Portanto, ter consciência histórica significa ter consciência do nosso poder de transformação, do nosso poder de sermos agentes da História e não seres passivos, acomodados, que sofrem a História. Por isso, ter consciência histórica significa sermos verdadeiramente homens, homens conscientes para podermos construir um mundo melhor - não como objetos, não como instrumentos de trabalho de uma classe dominante, mas como seres humanos inteiros e criativos que trabalham realizando tarefas produtivas, intelectuais ou braçais, que atendam às necessidades da coletividade.
A consciência histórica não se adquire através da leitura passiva da historiografia existente! A consciência histórica se constrói e, como toda construção, é um processo ativo, de transformação interior do homem, de crescimento do homem. A construção da consciência histórica implica principalmente uma ação sobre o mundo. Será a nossa prática social, nossa participação como elemento de uma classe social e de uma determinada categoria profissional que nos levará a uma percepção histórica...A partir da luta para a satisfação de nossas necessidades mais reais e vitais, hoje, aqui e agora, precisamos buscar um conhecimento do passado, conhecer como os homens empreenderam essa luta que hoje é também nossa luta.

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Professor Jorge Luiz Oliveira