quarta-feira, 16 de setembro de 2009

FOTO DO MÊS - MAPA COM OS PRINCIPAIS CONFLITOS NO IMPÉRIO BRASILEIRO - SÉCULO XIX


RESPOSTA A PERGUNTA DE FLAVIA PONTES OGGIANO - MARICÁ - RJ

"1822-1922"
Por que o Centenário da Independência não tem destaque nas publicações sobre a República e nos livros didáticos?

A pergunta é muito interessante, pois se relaciona com episódios pouco conhecidos e convida a uma reflexão a respeito dos procedimentos de construção do saber histórico. Em 1922, ocorreram acontecimentos marcantes da história republicana, como a crise política e militar que envolveu a eleição e posse de Arthur Bernardes à presidência; o surgimento do Partido Comunista Brasileiro; e a Semana de Arte moderna, considerada ainda um dos marcos da história cultural do país. As repercussões posteriores e a complexidade das circunstâncias da década de 1920 acabaram chamando mais a atenção dos historiadores do que os festejos de Centenário da Independência, a despeito dos contemporâneos valorizarem essas festividades e haver envolvimento popular nos preparativos que vinham se desenvolvendo no Rio de Janeiro e em São Paulo, desde pelo menos 1916. Entretanto, em função do debate historiográfico e da renovação dos estudos da história política, aspectos aparentemente menos importantes para a reconstituição das relações sociais e de poder adquiriram nos últimos anos enorme relevância e se tornaram objetos de análise. Assim, desde os anos 1990, o Centenário de 1922 transformou-se em tema de investigação, explorando-se não só a programação dos festejos e o que representou em termos políticos e historiográficos, mas principalmente as peculiaridades dos conhecimentos produzidos nesse período sobre a Independência e o passado colonial.

FRASES DO MÊS DE SETEMBRO

"Furtam pelo modo infinitivo, porque não tem fim o furtar com o fim do governo, e sempre lá deixam raízes em que se vão continuando os furtos."
Padre Antônio Vieira no Sermão do bom ladrão, de 1655, referindo-se aos políticos no Brasil
"Só uma coisa não fez o grande monarca durante todo o seu feliz reinado: a barba."
Mendes Fradique. elogiando d. Pedro II, em 1920.
"Sem independência, não há para as nações nem Constituição, nem liberdade, nem pátria."
José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838), o Patriarca da Independência

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

POEMAS - LEMBRETE DE MARIO QUINTANA

"A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são seis horas! Quando se vê, já é sexta-feira... Quando se vê, já terminou o ano... Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida. Quando se vê, já passaram-se 50 anos! Agora é tarde demais para ser reprovado. Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio. Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas. Desta forma, eu digo: Não deixe de fazer algo que gosta devido à falta de tempo; a única falta que terá, será desse tempo que infelizmente não voltará jamais." Mário Quintana

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

DICIONÁRIO CÍVICO

Abaixo assinado: documento escrito no qual um ou vários signatários apresentam, a uma autoridade ou a opinião pública, um pronunciamento firmado sua posição diante de um problema comum ou formulando uma reivindicação.

Abdicação: é o ato solene pelo qual alguém voluntariamente abre mão de um direito ou de um privilégio.

ABI: Associação Brasileira de Imprensa.

Abnegação: capacidade de privar-se de um bem ou de negar-se uma satisfação, em benefício ou em proveito de outro.

Academia: é um lugar onde se mistura ensino, geralmente artístico; é uma associação de sábios, artistas ou literatos

ABL: Academia Brasileira de Letras; tem por finalidade a cultura da língua e da literatura nacional. Teve sua primeira sessão preparatória realizada a 15 de dezembro de 1896 quando Machado de Assis é aclamado presidente.

Aclamação: é a manisfestação ruidosa de um sentimento comum ou de uma decisão em grupo.

Acumulação: emprega-se o termo para designar a situação de uma pessoa que exerce simultaneamente vários cargos.

Acusação: é o ato de incriminar ou culpar alguém por um fato ocorrido.

Administração: é uma ciência. O principal conceito é que administração eficiente requer: planejar, executar, controlar, organizar, dirigir (chefes), coordenar e estabelecer comunicações.

Administração Pública: o conjunto de órgãos do Estado incumbidos de realizar, segundo as leis, os serviços públicos.

CONTINUA NA PRÓXIMA ATUALIZAÇÃO

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

25 DE AGOSTO DE 1961 - RENÚNCIA DO PRESIDENTE DO BRASIL JÂNIO QUADROS E O INÍCIO DA REDE DA LEGALIDADE FORMADA POR LEONEL DE MOURA BRIZOLA

No dia 25 de agosto de 1961, o presidente do Brasil Jânio Quadros renuncia. Em uma carta ele afirma:

"Fui vencido pela reação e, assim, deixo o governo (...) Sinto-me, porém, esmagado. Forças terríveis levantam-se contra mim e me intrigam ou me infamam, até com a desculpa da colaboração. Se permanecesse não manteria a confiança e a tranquilidade, ora quebradas, indispensáveis ao exércicio da minha autoridade. Creio, mesmo, que não manteria a própria paz pública".

Muitos foram aqueles que tentaram encontrar respostas para a renúncia de Jânio Quadros. Porém o que prevalece na historiografia, é a visão de que Quadros, desgastado politicamente, alvo de pressões do antigo aliado Carlos Lacerda (UDN), devido ao caráter polêmico de muitas de suas medidas, optou pela renúncia. O plano seria que houvesse uma comoção geral nos vários setores da população brasileira. Jânio Quadros, talvez imaginasse um novo queremismo. Confiava no temor dos militares e da direita em geral com a "ameaça" da posse de João goulart, o temor da esquerda com a possível instalação de uma junta militar, já que o vice-presidente estava em uma missão na China. Tais intenções ficariam mais claras com declaração feita por Jânio na Base Aérea de Cumbica onde se refugiara após a renúncia:

"Não farei nada para voltar, mas considero minha volta inevitável. Dentro de três meses, se tanto, estará na rua, espontâneamente, o clamor pela reimplantação de nosso governo. O Brasil, no momento, precisa de três coisas: autoridade, capacidade de trabalho e coragem e rapidez nas decisões. Atrás de mim não fica ninguém, que reúna esses três requisitos".

Não houve clamor popular. O Congresso Nacional, de maioria petebista e pessedista, aceita a renúncia. O presidente da Camâra, Ranieri Mazzili, assume a presidência, de forma interina. Asituação agora é pensar na investidura do vice-presidente João Goulart.

A posse de João Goulart: Brizola mobiliza o país

Quando da formação de seu ministério, Jânio Quadros deu posse a três ministros militares conservadores, eram eles: Marechal Odílio Denis (Guerra); Contra-Almirante Sílvio Heck (Marinha) e o Brigadeiro Gabriel Grun Moss. Os três eram contrários a volta de qualquer ideal getulista ao poder. Na opinião da ala militar a qual pertenciam, João Goulart simbolizava tudo aquilo que havia de "negativo" na vida política brasileira: demagogo,subversivo e implacável inimigo da ordem capitalista. Com Goulart, o Brasil, na opinião dos três, mergulharia nos caos e na luta civil. Porém, nem todos os setores sociais e políticos concordavam com tal pensamento.

Governadores de estados, parlamentares federais e estaduais, sindicatos de trabalhadores, entidades de empresários, estudantes e alguns setores militares se manifestavam em defesa da ordem constitucional. Porém, foi do sul que a campanha a favor da posse de Goulart ganhou força e se espalhou por todo o país. O governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, cunhado de Goulart, político de ideal reformista e que lutara até aquele momento por um país democrático, longe do imperialismo americano e defensor do nacionalismo, passa a comandar do Palácio Piratini uma feroz luta contra o golpe que estava se encaminhando na capital federal, que tinha o apoio massivo do governador da Guanabara Carlos Lacerda.

Leonel Brizola foi um dos políticos que mais compreendeu a necessidade de comunicação com as massas. Quando governador do Rio Grande do Sul ocupava semanalmente o microfone de uma rádio para explicar projetos de sua administração, rebater críticas e, assim estar mais perto do povo e quebrar resistências da oposição.

Brizola, no dia 25 de agosto de 1961, estava participando de uma solenidade relativa ao dia do soldado, no Parque Farroupilha. Ao seu lado o comandante do III Exército, o general Machado Lopes, que ao receber um recado do general Antonio Carlos Murici, resolve encurtar a cerimônia. As 10:00hs da manhã, na sede da Caixa Econômica Estadual, Brizola recebeu a notícia da renúncia de Jânio Quadros, a príncipio imaginou ser um boato. Cinco minutos depois Brizola recebe a confirmação da renúncia. Telefona para o general Machado Lopes que também confirma o fato. Ao general, Brizola afirmou que faria de tudo para manter a ordem pública e que as medidas seriam feitas dentro dos parâmetros constitucionais. Acionou a Brigada Militar que naquele momento entrou em prontidão. A essa altura Brizola imaginava que Jânio Quadros teria sido deposto por um golpe militar. Isso lhe foi desmentido pelo assessor de Jânio. Tratava-se agora de dar posse ao vice-presidente, João Goulart.

Ao fim da tarde do dia 25 de agosto de 1961, Porto Alegre fervilhava. Surgiram as primeiras manifestações nas ruas, algumas pessoas protestavam convictas de que houve um golpe militar, outras protestavam a favor da volta de Jânio Quadros, e a maioria delas em defesa da legalidade e exigindo a posse de João Goulart. Brizola e seus secretários e assessores passaram a noite em vigília

Dia 26 de agosto de 1961 o Brasil, sobre a presidência de Ranieri Mazzili, amanheceu em estado de sítio. O que aconteceu foi o estabelecimento de um governo de fato, uma junta de três militares, sob o comando do marechal Odílio Denis, que ditava ordens e assumia decisões.

Brizola começou seus contatos. Primeiro, o governador de São Paulo, Carlos Alberto de Carvalho Pinto. Este mostrou-se frio e desinteressado, nenhuma resistência ao golpe. O comandante do II Exército, em São Paulo, disse a Brizola que tudo faria para que a crise não se agravasse. O general Osvino Ferreira Alves, sem comando e sem tropa no Rio de Janeiro atendeu Brizola e disse estar ao lado deste. O comandante do IV Exército, o general Arthur da Costa e Silva, ao receber o telefonema do governador gaúcho, tratou logo de descartar qualquer posição associativa, e chega a insultar Brizola que o responde com grosserias e o chama de militar golpista. No Rio de Janeiro, o general Amaury Kruel, também sem comando e sem tropa acolheu o pedido de Brizola e logo depois desembarcou em Porto Alegre. O deputado Ruy Ramos, sob as ordens de Leonel Brizola entrou em contato com o Marechal Henrique Batista Dufles Teixeira Lott. O deputado trouxe um manifesto em que o Marechal defende a ordem constitucional e, portanto a posse de de João Goulart. O manifesto passou a ser veiculado em rede de rádio para todo o país. As emissoras que transmitiam o manifesto foram aos poucos fechadas, ficando no ar apenas a Rádio Guaíba, única que não fez a transmissão do documento. Os dias estavam passando e a cada dia mais a tensão aumentava. Brizola transformou a cidade de Porto Alegre em um verdadeiro campo de resistência. Ninhos de metralhadoras foram instaladas nas torres da Catedral. Com seu carisma e decisão mobilizou toda a população gaúcha. Na capital e nas cidades do interior surgiam comitês de resistência, todos os participantes eram voluntários. Porém, um fantasma rondava as mentes de todos; o posicionamento do poderoso III Exército e de seu comandante o general Machado Lopes. Sabia-se que a resistência seria um ato heróico caso as forças federais resolvessem investir contra o Rio Grande do Sul, que, naquela altura já se encontrava isolado de todo o resto do país. Brizola, precisava falar com Gourlart que, já voava de volta ao Brasil. No dia 28 de agosto de 1961, um radioamador gaúcho captou uma comunicação do general Orlando Geisel ao comandante do III Exército, dando conta de que o Marechal Denis, determinou que Brizola fosse silenciado, com o emprego da força e do bombardeio pela aviação, se necessário. A notícia caiu como uma "bomba" na cabeça de Brizola. Ele pediu então ao seu secretário de justiça que redigisse um ato, portaria, decreto, "qualquer coisa", para requisitar a única rádio no ar, a Rádio Guaíba. A Brigada Militar ocupou as dependências da emissora, protegeu as torres de transmissão. Os microfones foram levados para o porão do Palácio Piratini. Em pouco mais de uma hora as transmissões começavam. A certa altura dos acontecimentos Leonel Brizola recebeu o telefonema do general Machado Lopes. Este queria uma audiência com o governador. Brizola marcou a hora. Nas transmissões, após a conversa, ele reiteirou a população sua convicção de resistir de forma irrevogável na luta a favor da constituição. Esta foi a primeira transmissão. Estava montada a rede da legalidade, com a integração de uma quantidade crescente de pequenas emissoras, tudo a partir do porão do Palácio Piratini.
Na hora marcada por Brizola a reunião com o general Machado Lopes começou. Este acompanhado de um secto de oficiais superiores, disse ao governador que o Estado-Maior do III Exército não faria nada fora da Constituição do Brasil. Brizola apertou a mão de Lopes e entregou-lhe o comando da Brigada Militar. A decisão de Machado Lopes foi comunicada a nação através da rede da legalidade. Unidades militares de São Paulo também se recusaram a marchar contra o Rio Grande do Sul, pois alguns militares entenderam que as atitudes dos três ministros militares violentava a Constituição. Episódios como esse se sucederam por todo o país. As manifestações populares incentivadas pela rede da legalidade naquele momento minavam definitivamente o golpe militar. Brizola conseguira difundir a ideia de respeito a democracia, respeito a Constituição em todos os níveis da sociedade brasileira.
A essa altura, o vice-presidente João Goulart pouco sabia o que estava acontecendo no país pois sua viagem de retorno da China era longa. O Rio Grande do Sul encontrava-se isolado e só a rádio funcionava. Goulart recebia notícias por ligações telefônicas dos lideres do PSD, que de Brasília faziam acordos para que se realizasse uma solução de compromisso. Com a campanha por rádio de Brizola, o golpe militar tinha sido debelado. Mas, outro golpe se encaminhava. Os dois grandes partidos conservadores (UDN e PSD), mobilizavam suas frentes no sentido de se votar uma emenda constitucional, na qual o regime político brasileiro passasse a ser o parlamentarismo. Assim, Goulart tomaria posse agradando a população e também os militares que veriam os poderes de João Goulart restringidos ao mando do legislativo de maioria conservadora e liberal-democrata.
Ao chegar ao Uruguai, Goulart avisou a Brizola que o deputado Tancredo Neves iria encontrá-lo para selar o acordo e levar uma cópia do texto da emenda constitucional, que já havia sido votada e aprovada por 236 votos a favor e 55 contra. Brizola, ao saber da viagem de Tancredo Neves, resolveu tentar retê-lo em Porto Alegre, não com o intuito de prendê-lo, mas para que Goulart não aceitasse o acordo, já que para Brizola o vice-presidente poderia assumir a presidência na crista dos movimentos populares e no apoio já confesso da maioria dos militares. Para ele a emenda só beneficiária a maioria conservadora do Congresso. Era a forma destes de brecarem a vitória do movimento democrático, a vitória popular.
A crise que fora criada por Jânio Quadros chegava ao fim. João Belchior Marques Goulart (também conhecido como Jango), tomou posse no dia 07 de setembro de 1961. Brizola desfaz a rede da legalidade e começa a lutar contra o parlamentarismo no Brasil.
(Texto retirado da monografia defendida pelo PROFESSOR JORGE LUIZ DE OLIVEIRA na Universidade Veiga de Almeida, no curso de Licenciatura Plena em História - ano de 2004)

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

MÚSICA DO MÊS DE AGOSTO

Índios
Legião Urbana
Composição: Renato Russo


Quem me dera
Ao menos uma vez
Ter de volta todo ouro
Que entreguei a quem
Conseguiu me convencer
Que era prova de amizade
Se alguém levasse embora
Até o que eu não tinha

Quem me dera
Ao menos uma vez
Esquecer que acreditei
Que era por brincadeira
Que se cortava sempre
Um pano de chão
De linho nobre e pura seda

Quem me dera
Ao menos uma vez
Explicar o que ninguém
Consegue entender
Que o que aconteceu
Ainda está por vir
E o futuro não é mais
Como era antigamente

Quem me dera
Ao menos uma vez
Provar que quem tem mais
Do que precisa ter
Quase sempre se convence
Que não tem o bastante
Fala demais
Por não ter nada a dizer

Quem me dera
Ao menos uma vez
Que o mais simples fosse visto
Como o mais importante
Mas nos deram espelhos
E vimos um mundo doente

Quem me dera
Ao menos uma vez
Entender como um só Deus
Ao mesmo tempo é três
Esse mesmo Deus
Foi Morto por vocês
Sua maldade, então
Deixaram Deus tão triste

Quem me dera
Ao menos uma vez
Acreditar por um instante
Em tudo que existe
E acreditar
Que o mundo é perfeito
Que todas as pessoas
São felizes...

Quem me dera
Ao menos uma vez
Como a mais bela tribo
Dos mais belos Índios
Não ser atacada
Por ser inocente...

Renato Russo conseguiu resumir nessa música o pensamento de um índio brasileiro. Sua análise simples de como foi o encontro do conquistador português e os nativos do Brasil. As conclusões tiradas pelo índio são fantásticas. Uma bela música.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

FOTO DO MÊS DE AGOSTO - 55 ANOS DO SUICÍDIO DO PRESIDENTE GETULIO VARGAS
















Em 5 de agosto de 1954, o líder da oposição ao governo de Vargas, Carlos Lacerda foi vítima de um atentado, ocorrido na rua Toneleros, em copacabana, Rio de Janeiro. Lacerda escapou com vida, com um tiro no pé, mas o major Rubem Vaz, que o acompanhava, morreu.
As investigações posteriores ao crime, conduzidas pela aeronáutica, indicavam que o assassino cumpria ordens de Gregório Fortunato, chefe da guarda presidencial.
As notícias sobre o crime da rua Toneleros tiveram grande repercussão na imprensa antigetulista. A oposição multiplicava os ataques ao governo federal e tramava derrubar o presidente.
Nos dias 22 e 23 de agosto, manifestações de oficiais militares exigiram a renúncia de Getulio Vargas, que se recusava a deixar o cargo, embora não tivesse condições para reagir. Isolado politicamente, escreveu uma carta-testamento ao povo brasileiro e, em seguida, suicidou-se com um tiro no coração.
CARTA TESTAMENTO - 24 DE AGOSTO DE 1954
Mais uma vez as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se novamente e se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam-se, não me dão o direito de defesa.
Depois de decênios de espoliação dos grupos econômicos financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei um regime de liberdade social. Tive que renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalhador. A Lei de Lucros Extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário minímo se desencadearam os ódios.
Não querem que o trabalhador seja livre. Não querem que o povo seja independente.
Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora resistindo a uma agressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo para defender o povo que agora se queda desamparado. Nada mais posso dar a não ser o meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida. Escolho este meio de estar sempre convosco.
Meu sacrifício vos manterá unidos e meu sangue será a vossa bandeira de luta.
Ao ódio respondo com o meu perdão. Aos que pensam que me derrotaram, respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e agora me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não será mais escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço de seu resgate.
Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calunia não abateram o meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história.

CURIOSIDADES

Agora se me perguntarem, saberei responder!!!!

Vocês que são pardos...

A expressão "Eles que são brancos que se entendam" tem uma explicação histórica. De acordo com a Câmara Cascudo, ela remonta ao Brasil colonial, quando um capitão do regimento, ao queixar-se de um soldado para seu superior português, ouviu como resposta a seguinte frase:"Vocês que são pardos que se entendam". Indignado, o capitão recorreu ao vice-rei D. Luís de Vasconcelos (1742-1807), que acatou a queixa e ordenou a prisão do oficial português. Mas este não se intimidou: foi pedir explicações e ouviu do vice-rei a frase que inspiraria o jargão popular: "Nós somos brancos, cá nos entendemos".

FRASES DO MÊS DE AGOSTO

"Depois do pão, a primeira necessidades do povo é a educação"

Georges jacques Danton (1759-1794), um dos lideres da Revolução Francesa


"Um momento. Aqui só entra com vestibular"

Pedro Calmom, historiador e na época reitor da UFRJ, a um
grupo de PMs que queria invadir a universidade, em 1966


"O povo na rua é minha verdadeira estátua. A outra estátua, de cimento
armado, não me interessa porque passarinho faz cocô na cabeça"

Ulisses Guimarães (1916-1992)

domingo, 2 de agosto de 2009

ALERTA DO PROFESSOR JORGE LUIZ

SINTOMAS DA GRIPE H1N1 (GRIPE SUÍNA)

-Dor de cabeça
-Congestão nasal
-Ardor e/ou dor de garganta
-Dor muscular e nas articulações
-Tosse
-Náuseas, vômito e diarreia

CUIDADOS

O infectologista Stefan Ujvari, do Hospital Oswaldo Cruz dá conselhos básicos de como se prevenir da gripe:

-Evitar passar as mãos no rosto, na boca, nos olhos e no nariz
-Lavar as mãos frequentemente, esfregando bem, durante pelo menos 40 segundos
-Nos banheiros públicos, o papel toalha deve ser usado para fechar a torneira e cobrir a maçaneta da porta. Estima-se que o vírus permaneça na maçaneta por um período de oito a dez horas.
-É importante também evitar lugares de aglomeração, como filas de restaurantes, por exemplo

quarta-feira, 29 de julho de 2009

O LONGO PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA DO BRASIL






O início do século XIX trouxe uma série de mudanças na Europa, principalmente devido à política externa de Napoleão Bonaparte, da França, que se opunha ao poderio econômico da Inglaterra. Sem meios de vencer a Inglaterra em lutas navais, Napoleão tentou sufocar a economia inglesa através do Bloqueio Continental, em 1806 - proibição de qualquer país do continente europeu comercializar com a Inglaterra -, uma vez que ele confiava no poder militar do exército francês.

Bom lembrar, a economia portuguesa tinha se tornado muito dependente da inglesa e ficou em uma situação muito tensa diante das pressões da França e de sua aliada a Espanha.

D. João era o príncipe regente, pois a rainha D. Maria I havia sido afastada por loucura. A príncipio, ele tentou evitar uma decisão de se aliar à França ou à Inglaterra. Mas as pressões dos dois lados aumentaram: a França e a Espanha assinaram o Tratado de Fontainebleau, que determinava a invasão de Portugal e a posterior partilha de suas colônias entre os dois países; a Inglaterra pressionou a homologação de um acordo com a Coroa Portuguesa, chamado de Convenção Secreta, que estabelecia o compromisso inglês de defender a família real lusitana, e, em contrapartida, enfatizava a necessidade da transferência da Corte para o Brasil e garantia aos ingleses uma série de vantagens comerciais.

O projeto de mudar a sede da monarquia para o Brasil não era estranho às autoridades portuguesas, sendo considerado muitas vezes como alternativa de defesa. Houve, inclusive, a proposta de um alto funcionário, D. Rodrigo de Souza Coutinho, no final do século XVIII e início do XIX, que defendia a consolidação de um Império luso-brasileiro, com sede no Rio de Janeiro.

Assim, em novembro de 1807, cerca de 15 mil pessoas que compunham a Corte, entre funcionários e nobres, além da própria família real portuguesa foram transferidos com a proteção inglesa para o Brasil. De forma apressada, pois as tropas franco-espanholas já estavam atravessando a fronteira, ao norte de Portugal, no momento do embarque. Restou à população de Lisboa a responsabilidade de defender a cidade dos inimigos.

Em janeiro de 1808, a família real aportava no Brasil, em Salavador, onde D, João decretou a abertura dos portos às nações amigas. Na verdade, a decisão atendia aos interesses ingleses, mas ela mudava de forma efetiva a dominação de Portugal sobre o Brasil. Mais tarde, D. João assinou os tratados de 1810, que consolidaram o predomínio inglês sobre a economia, pois entre muitas de suas decisões havia a garantia de taxas de importação privilegiadas para os produtos ingleses.



O Rio de Janeiro como sede da Corte


Depois disso, a Corte continou sua viagem e instalou-se no Rio de Janeiro. O impacto da chegada de cerca de 15 mil pessoas em uma cidade que possuía uma população por volta de 50 mil habitantes e tinha proporções modestas foi enorme. A família real instalou-se a príncipio no Convento das Carmelitas, depois transferindo-se para a Quinta da Boa Vista, em São Cristovão, que havia sido doada por um rico comerciante português. O Palácio dos Governadores transformou-se no Paço (atual Praça XV), onde o príncipe regente despachava os negócios do governo. Muitos nobres foram morar em regiões mais afastadas do centro da cidade, tais como catete e Botafogo. Diversos habitantes locais cederam suas residências aos membros da Corte Portuguesa. Com a presença em maior número de nobres, o comércio de artigos luxuosos aumentou e, com tudo isso, a cidade viveu um clima de prosperidade.

O Rio de Janeiro sofreu, portanto, várias alterações e conheceu uma série de novidades que foram feitas a título de enquadrar a cidade ao estilo da Corte, ou seja, europeu. Dessa forma, muitos prédios foram construídos e desenvolveram-se uma série de órgãos públicosa, tais como o Jardim Botânico, a Biblioteca Real (atual Biblioteca Nacional), a Casa da Moeda, o primeiro Banco do Brasil, o Teatro Real, a fábrica de Pólvora, a Impresa Régia e a Academia Real Militar, entre outros.

Em 1815 o Brasil foi elevado à categoria de Reino Unido a Portugal e Algarves e no ano seguinte, com a morte de sua mãe, D. Maria I, D. João VI foi coroado rei.

A Independência do Brasil

Se a prosperidade e a modernização animavam a cidade do Rio de Janeiro, a relação de poder com as outras regiões do Brasil era a mesma da dominação da metrópole sobre a colônia. os problemas econômicos e sociais que haviam provocado as revoltas do fim do século XVIII ainda continuavam latentes e foram pioradas pelo aumento dos impostos.

Esses problemas aliados à difusão de princípios filosóficos do Iluminismo do século XVIII, deram margem a um ideário republicano. Em 6 de março de 1817 foi proclamada a República de Pernambuco, que logo conquistou simpatizantes em outras províncias do Norte, como Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceára. Foi estabelecido um governo provisório, com destaque para participação do Capitão Domingos Teotônio Jorge (milícias) e padre João Ribeiro Pessoa de Melo (clero). Uma nova bandeira azul e branca, repartida horizontalmente, com os signos republicanos, foi criada. Promulgou-se uma constituição na qual eram reconhecidos a interdependência dos três poderes, os direitos e garantias individuais, proclamada a liberdade de crença e opinião, garantindo-se o direito de prosperidade.

A reação da Coroa foi drástica e imediata. Uma força naval bloqueou o porto do Recife e forças terrestres, enviadas da Bahia, varreram o interior. A revolta foi sufocada a 19 de maio.

A República de Pernambuco durara 75 dias, seus simpatizantes foram recolhidos às prisões do Recife e Salvador, mais de uma dezena deles pagaram com a vida por seus sonhos liberais.

Em Portugal a situação também aumentava em tensão. Os comerciantes portugueses acreditavam estar sendo prejudicados pela permanência da família real no Brasil. Afinal, Napoleão havia sido definitivamente derrotado em 1815 e nada indicava que, até o ano de 1820, existissem planos para o retorno do rei a Portugal. Assim, diante dessa insatisfação misturada às ideias liberais ocorreu nesse ano a Revolução do Porto que convocou as Cortes (assembléia que até então só era convocada pelo rei), designando-a para a elaboração da Constituição, além do retorno de D. João VI a Portugal. Com medo de perder a coroa, D. João retorna a Portugal para jurar a Constituição, em 1821, deixando seu filho D. Pedro como o príncipe regente do Brasil.

Mas as Cortes continuaram a agir com o propósito de forçar o retorno do Brasil à condição de colônia. A reação no Brasil foi grande, uma vez que não havia interesses em perder a condição política e econômica desenvolvida desde a chegada da família real. Dessa forma, a elite brasileira apoiou D. Pedro e incentivou o rompimento com Portugal.

Diante do aumento das pressões das Cortes no retorno de D. Pedro a Portugal, este proclamou a Independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822.

QUADRO DE PEDRO AMÉRICO - RETRATA O GRITO DO IPIRANGA - 07 DE SETEMBRO DE 1822


PAÇO IMPERIAL- AQUARELA DE DEBRET, FOI PALCO DO DIA DO FICO - 09 DE JANEIRO DE 1822


PERSONAGENS DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL







De cima para baixo: A imperatriz Leopoldina, Apaixonada por D. Pedro antes mesmo de conhecê-lo, a imperatriz tornou-se uma personagem fundamental na Independência, dedicada até a morte ao marido ao país que passou a chamar de lar; José Bonifácio, o mentor político e intelectual da Independência; D. Pedro, o príncipe que uniu o Brasil e se transformou no mito da Independência; e o Rei D. João VI, pai de D. Pedro.

LETRA DE MÚSICA MÊS DE JULHO

Julho de 2009

Mestre sala dos mares
(Aldir Blanc e João Bosco)

Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo marinheiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como almirante negro
(...)
Rubras cascatas
Jorravam das costas dos negros
Entre cantos e chibatas
Inundando o coração
Do pessoal do porão
Que a exemplo do marinheiro gritava,
Então:
Salve o almirante negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais

Essa letra foi escrita em homenagem ao marinheiro João Cândido. João foi o lider da Revolta da Chibata que durou da noite do dia 22 até 26 de novembro de 1910. Revolta essa provocada pelos maus tratos sofrido pelo corpo de marinheiros de guerra do Brasil.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

HISTÓRIA DA VIDA

Em sentido horário, a partir do alto: o óvulo à espera; a fecundação; a primeira divisão celular; e o embrião a caminho do útero. Fotografado pelo sueco Lennart Nilsson, especialista em imagens do corpo humano.

Caderno REVISTA - jornal O GLOBO - ano 5 - n. 261 - 26/07/2009


A História da humanidade teve um começo. Esta gênese se encontra no mistério da vida. Este mistério já começa a ser desvendado pela ciência. Estas fotos retratam o começo da existencia humana. A História se faz humana!!!

sexta-feira, 24 de julho de 2009

FOTO DO MÊS

Julho de 2009
REVOLUÇÃO FRANCESA
Alegoria de Jeaunat de Betry que apresenta Rousseau como inspirador das ideias da Revolução. À esquerda um obelisco a Galileu; na coluna, a reforma dos costumes e ao fundo a guilhotina
Julho de 2009 comemora-se os 220 anos da Queda da bastilha, ponto principal da Revolução Francesa

Curiosidades

Se alguém me perguntar. Agora saberei responder!!!

A parte do leão

Chegou a hora de acertar contas com a Receita Federal:
lá vem a mordida do "leão" do imposto de renda! A "parte do Leão" remonta a uma fábula antiquissima, presente nas obras dos gregos Esopo e Platão (respectivamente, séculos VI e V a.C.) e reinventada por La Fontaine no século XVII. Na versão do francês, um leão convida outros três aninais para caçar - uma bezerra, uma cabra e uma ovelha - e combina com eles dividir por igual o que conseguirem. Terminado o trabalho, o rei da selva pega a primeira parte
da carne e justifica: "Esta é minha, e a razão é que eu me chamo leão. (...) A segunda me cabe ainda por direito: o direito do mais forte. Como o mais valente é que eu reclamo a terceira. A quarta, se algum de vós a tocar, será estrangulado". O "leão" brasileiro ainda não fica com 100% da renda, mas um dia chega lá.
Revista de História da Biblioteca Nacional, Abril de 2008, n. 31, ano 3.
"Escravidão"
Por que a escravidão no Brasil durou quase quatrocentos anos?
Luiz Felipe de Alencastro, professor na Universidade de Paris IV (Sorbonne), RESPONDE
Quando Cabral desembarcou na América do Sul, os portugueses possuíam grande experiência com o sistema escravista. Nas Canárias, na Madeira, e na ilha de São Tomé, o tripé cana de açucar, engenho e escravos negros estava bem rodada. Graças a sua presença nos portos africanos, Portugal será a maior potência negreira e o Brasil o maior importador de escravos do Novo Mundo. Em cada etapa econômica, a importação de africanos foi mais forte no Brasil do que em qualquer outra área das Américas. Entre 1575 e 1625, no pico do açucar, entre 1701 e 1720, quando deslanchou o ouro e entre 1780 e 1810, no período de renascimento agrícola. Só há um ciclo econômico, o grande ciclo do tráfico negreiro que, de 1550 a 1850, deu origem aos subciclos escravistas do açucar, do tabaco, do ouro e do café. O comércio bilateral entre as zonas escravistas e os portos africanos, onde pesavam os interesses brasileiros (sobretudo, em Angola), reforçaram a complementaridade entre o Brasil e a África. A Independência não quebrou esses laços e um dos pulmões da sociedade brasileira continuou fixado na África até 1850. A partir daí, a abolição da escravidão entra em pauta no Parlamento. Entranhada nas instituições, cobrindo o país inteiro (ao contrário do caso dos EUA), a escravidão era consubstancial ao equilibrio político. Quando acabou, levou o Império e o regime parlamentar de roldão.
Revista NOSSA HISTÓRIA - Ano 2 - n. 13 - novembro 2004

FRASES DO MÊS DE JULHO

Mês de Julho:

"É em vão que os políticos imaginam interessar-se mais
pelos princípios do que pelos homens: seus próprios atos
representam o desmentido flagrante da pretensão".

Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982)
Historiador, em 1936.

"O poder é uma Camaleão ao contrário. Todos tomam
a sua cor."

Millôr Fernandes, escritor, sobre um mal nacional

"O brasileiro não tem medo do fim do mundo.
Tem medo é do amanhã."

Jean Delumeau, historiador francês,
autor de O medo no Ocidente (1978)

quinta-feira, 23 de julho de 2009

A História é um profeta com o olhar voltado para trás

Pense sobre a imagem transmitida pela frase-título. Repare que ela reúne as três dimensões básicas do tempo - passado, presente e futuro.
O profeta é um homem que, como os demais, vive o presente, e viver o presente significa ter consciência da realidade vivida. E ter consciência da realidade significa conhecer o processo histórico que forjou as condições de vida do presente, ou melhor, é conhecer o passado, cujos traços ainda se podem perceber no presente, é conhecer as transformações por que passou e ainda passa a sociedade em que se vive.
E o que vem a ser um profeta?
Profeta é aquele que fala sobre o futuro: mostra. às vezes através de uma linguagem metafórica e geralmente apocalíptica, o que ainda está por acontecer. Ora, por que o profeta é capaz de fazer isso? Seria ele um privilegiado, um gênio?
Não, ele é apenas um homem que, conhecendo o passado e, portanto, tendo consciência clara da realidade vivida no presente, pode perceber as tendências das transformações sofridas pela sociedade em que vive - pode, enfim, prever o futuro.
Agora, pense um pouco...Essa possibilidade de compreensão do contexto em que se vive tem sido privilégio de alguns poucos homens. Hoje, no século XXI, podemos perguntar: o que poderia contribuir para permitir essa percepção a muitos homens? Como fazer de todos os homens os profetas de seu tempo?
Se todos os homens de uma sociedade puderem ter a consciência clara da realidade vivida por eles, e dessa forma perceberem as tendências das transformações sociais, terão consciência também do seu poder de transformar o mundo. E, portanto, não mais teriam a visão fatalista do profeta. Na verdade, os profetas não existiriam. Os homens seriam, verdadeiramente, os senhores de seus destinos. Saberiam que seus atos são de enorme importância para o futuro. Melhor ainda, o tempo que os separa do futuro seria apenas o tempo gasto para a construção do sonho do presente. E os homens seriam realmente livres, pois estariam abrindo caminho para a sua própria libertação e para a libertação de todos os homens.
E como chegar a essa condição de senhores dos próprios destinos? Como chegar a ter a liberdade para pensar e agir de acordo com as necessidades mais reais e vitais, de acordo com os sonhos?
Bem, para isso muita coisa precisa ser feita, coisas bem concretas, ligadas, principalmente, às condições de subsistência, ao modo de produção da sociedade. Por quê?
Porque seria ilusão pensarmos que a construção de um mundo melhor depende apenas da melhoria de cada homem individual e isoladamente. Você não deve esquecer que o que somos interiormente é fruto do nosso modo de vida, das condições de vida da nossa sociedade. Portanto, será melhorando as condições de vida da sociedade como um todo, sem discriminações de espécie alguma, que poderemos almejar o encontro com homens inteiros, íntegros e dignos. Porém, é claro, o aspecto ideológico é igualmente importante no processo de construção de um mundo melhor, pois nenhuma sociedade poderá resolver de forma global seus problemas se não puder contar com a totalidade de seus integrantes, não apenas como trabalhadores braçais, mas também como trabalhadores intelectuais.
Ora, você leitor já deve ser capaz de perceber aonde quero chegar!!!
Em qualquer grupo, os homens precisam conhecer a História da sociedade em que atuam. Precisam ter consciência histórica para serem verdadeiramente homens. Você já pode perceber que ter consciência histórica é conhecer as transformações vividas na sociedade em que se atua. Portanto, ter consciência histórica significa ter consciência do nosso poder de transformação, do nosso poder de sermos agentes da História e não seres passivos, acomodados, que sofrem a História. Por isso, ter consciência histórica significa sermos verdadeiramente homens, homens conscientes para podermos construir um mundo melhor - não como objetos, não como instrumentos de trabalho de uma classe dominante, mas como seres humanos inteiros e criativos que trabalham realizando tarefas produtivas, intelectuais ou braçais, que atendam às necessidades da coletividade.
A consciência histórica não se adquire através da leitura passiva da historiografia existente! A consciência histórica se constrói e, como toda construção, é um processo ativo, de transformação interior do homem, de crescimento do homem. A construção da consciência histórica implica principalmente uma ação sobre o mundo. Será a nossa prática social, nossa participação como elemento de uma classe social e de uma determinada categoria profissional que nos levará a uma percepção histórica...A partir da luta para a satisfação de nossas necessidades mais reais e vitais, hoje, aqui e agora, precisamos buscar um conhecimento do passado, conhecer como os homens empreenderam essa luta que hoje é também nossa luta.

Um blog de ajuda aos estudantes de História


Professores, alunos, alunas e entusiastas do mundo da História.

Esse blog tem por finalidade levar a debates, foruns e estudos sobre a disciplina História. Aqui iremos conhecer autores, textos, curiosidades do passado. As novas leituras de fatos históricos, as situações do ensino de História nas escolas e os modelos pedagógicos de sucesso nessa disciplina.

Espero que possamos chegar ao objetivo final, que é o de transformar a disciplina História em uma fonte de riqueza para as experiências do presente. Então, vamos viajar nesse mundo mágico dos fatos, pesssoas, espaços e tempo no mundo chamado Terra.