quarta-feira, 29 de julho de 2009

O LONGO PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA DO BRASIL






O início do século XIX trouxe uma série de mudanças na Europa, principalmente devido à política externa de Napoleão Bonaparte, da França, que se opunha ao poderio econômico da Inglaterra. Sem meios de vencer a Inglaterra em lutas navais, Napoleão tentou sufocar a economia inglesa através do Bloqueio Continental, em 1806 - proibição de qualquer país do continente europeu comercializar com a Inglaterra -, uma vez que ele confiava no poder militar do exército francês.

Bom lembrar, a economia portuguesa tinha se tornado muito dependente da inglesa e ficou em uma situação muito tensa diante das pressões da França e de sua aliada a Espanha.

D. João era o príncipe regente, pois a rainha D. Maria I havia sido afastada por loucura. A príncipio, ele tentou evitar uma decisão de se aliar à França ou à Inglaterra. Mas as pressões dos dois lados aumentaram: a França e a Espanha assinaram o Tratado de Fontainebleau, que determinava a invasão de Portugal e a posterior partilha de suas colônias entre os dois países; a Inglaterra pressionou a homologação de um acordo com a Coroa Portuguesa, chamado de Convenção Secreta, que estabelecia o compromisso inglês de defender a família real lusitana, e, em contrapartida, enfatizava a necessidade da transferência da Corte para o Brasil e garantia aos ingleses uma série de vantagens comerciais.

O projeto de mudar a sede da monarquia para o Brasil não era estranho às autoridades portuguesas, sendo considerado muitas vezes como alternativa de defesa. Houve, inclusive, a proposta de um alto funcionário, D. Rodrigo de Souza Coutinho, no final do século XVIII e início do XIX, que defendia a consolidação de um Império luso-brasileiro, com sede no Rio de Janeiro.

Assim, em novembro de 1807, cerca de 15 mil pessoas que compunham a Corte, entre funcionários e nobres, além da própria família real portuguesa foram transferidos com a proteção inglesa para o Brasil. De forma apressada, pois as tropas franco-espanholas já estavam atravessando a fronteira, ao norte de Portugal, no momento do embarque. Restou à população de Lisboa a responsabilidade de defender a cidade dos inimigos.

Em janeiro de 1808, a família real aportava no Brasil, em Salavador, onde D, João decretou a abertura dos portos às nações amigas. Na verdade, a decisão atendia aos interesses ingleses, mas ela mudava de forma efetiva a dominação de Portugal sobre o Brasil. Mais tarde, D. João assinou os tratados de 1810, que consolidaram o predomínio inglês sobre a economia, pois entre muitas de suas decisões havia a garantia de taxas de importação privilegiadas para os produtos ingleses.



O Rio de Janeiro como sede da Corte


Depois disso, a Corte continou sua viagem e instalou-se no Rio de Janeiro. O impacto da chegada de cerca de 15 mil pessoas em uma cidade que possuía uma população por volta de 50 mil habitantes e tinha proporções modestas foi enorme. A família real instalou-se a príncipio no Convento das Carmelitas, depois transferindo-se para a Quinta da Boa Vista, em São Cristovão, que havia sido doada por um rico comerciante português. O Palácio dos Governadores transformou-se no Paço (atual Praça XV), onde o príncipe regente despachava os negócios do governo. Muitos nobres foram morar em regiões mais afastadas do centro da cidade, tais como catete e Botafogo. Diversos habitantes locais cederam suas residências aos membros da Corte Portuguesa. Com a presença em maior número de nobres, o comércio de artigos luxuosos aumentou e, com tudo isso, a cidade viveu um clima de prosperidade.

O Rio de Janeiro sofreu, portanto, várias alterações e conheceu uma série de novidades que foram feitas a título de enquadrar a cidade ao estilo da Corte, ou seja, europeu. Dessa forma, muitos prédios foram construídos e desenvolveram-se uma série de órgãos públicosa, tais como o Jardim Botânico, a Biblioteca Real (atual Biblioteca Nacional), a Casa da Moeda, o primeiro Banco do Brasil, o Teatro Real, a fábrica de Pólvora, a Impresa Régia e a Academia Real Militar, entre outros.

Em 1815 o Brasil foi elevado à categoria de Reino Unido a Portugal e Algarves e no ano seguinte, com a morte de sua mãe, D. Maria I, D. João VI foi coroado rei.

A Independência do Brasil

Se a prosperidade e a modernização animavam a cidade do Rio de Janeiro, a relação de poder com as outras regiões do Brasil era a mesma da dominação da metrópole sobre a colônia. os problemas econômicos e sociais que haviam provocado as revoltas do fim do século XVIII ainda continuavam latentes e foram pioradas pelo aumento dos impostos.

Esses problemas aliados à difusão de princípios filosóficos do Iluminismo do século XVIII, deram margem a um ideário republicano. Em 6 de março de 1817 foi proclamada a República de Pernambuco, que logo conquistou simpatizantes em outras províncias do Norte, como Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceára. Foi estabelecido um governo provisório, com destaque para participação do Capitão Domingos Teotônio Jorge (milícias) e padre João Ribeiro Pessoa de Melo (clero). Uma nova bandeira azul e branca, repartida horizontalmente, com os signos republicanos, foi criada. Promulgou-se uma constituição na qual eram reconhecidos a interdependência dos três poderes, os direitos e garantias individuais, proclamada a liberdade de crença e opinião, garantindo-se o direito de prosperidade.

A reação da Coroa foi drástica e imediata. Uma força naval bloqueou o porto do Recife e forças terrestres, enviadas da Bahia, varreram o interior. A revolta foi sufocada a 19 de maio.

A República de Pernambuco durara 75 dias, seus simpatizantes foram recolhidos às prisões do Recife e Salvador, mais de uma dezena deles pagaram com a vida por seus sonhos liberais.

Em Portugal a situação também aumentava em tensão. Os comerciantes portugueses acreditavam estar sendo prejudicados pela permanência da família real no Brasil. Afinal, Napoleão havia sido definitivamente derrotado em 1815 e nada indicava que, até o ano de 1820, existissem planos para o retorno do rei a Portugal. Assim, diante dessa insatisfação misturada às ideias liberais ocorreu nesse ano a Revolução do Porto que convocou as Cortes (assembléia que até então só era convocada pelo rei), designando-a para a elaboração da Constituição, além do retorno de D. João VI a Portugal. Com medo de perder a coroa, D. João retorna a Portugal para jurar a Constituição, em 1821, deixando seu filho D. Pedro como o príncipe regente do Brasil.

Mas as Cortes continuaram a agir com o propósito de forçar o retorno do Brasil à condição de colônia. A reação no Brasil foi grande, uma vez que não havia interesses em perder a condição política e econômica desenvolvida desde a chegada da família real. Dessa forma, a elite brasileira apoiou D. Pedro e incentivou o rompimento com Portugal.

Diante do aumento das pressões das Cortes no retorno de D. Pedro a Portugal, este proclamou a Independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822.

QUADRO DE PEDRO AMÉRICO - RETRATA O GRITO DO IPIRANGA - 07 DE SETEMBRO DE 1822


PAÇO IMPERIAL- AQUARELA DE DEBRET, FOI PALCO DO DIA DO FICO - 09 DE JANEIRO DE 1822


PERSONAGENS DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL







De cima para baixo: A imperatriz Leopoldina, Apaixonada por D. Pedro antes mesmo de conhecê-lo, a imperatriz tornou-se uma personagem fundamental na Independência, dedicada até a morte ao marido ao país que passou a chamar de lar; José Bonifácio, o mentor político e intelectual da Independência; D. Pedro, o príncipe que uniu o Brasil e se transformou no mito da Independência; e o Rei D. João VI, pai de D. Pedro.

LETRA DE MÚSICA MÊS DE JULHO

Julho de 2009

Mestre sala dos mares
(Aldir Blanc e João Bosco)

Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo marinheiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como almirante negro
(...)
Rubras cascatas
Jorravam das costas dos negros
Entre cantos e chibatas
Inundando o coração
Do pessoal do porão
Que a exemplo do marinheiro gritava,
Então:
Salve o almirante negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais

Essa letra foi escrita em homenagem ao marinheiro João Cândido. João foi o lider da Revolta da Chibata que durou da noite do dia 22 até 26 de novembro de 1910. Revolta essa provocada pelos maus tratos sofrido pelo corpo de marinheiros de guerra do Brasil.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

HISTÓRIA DA VIDA

Em sentido horário, a partir do alto: o óvulo à espera; a fecundação; a primeira divisão celular; e o embrião a caminho do útero. Fotografado pelo sueco Lennart Nilsson, especialista em imagens do corpo humano.

Caderno REVISTA - jornal O GLOBO - ano 5 - n. 261 - 26/07/2009


A História da humanidade teve um começo. Esta gênese se encontra no mistério da vida. Este mistério já começa a ser desvendado pela ciência. Estas fotos retratam o começo da existencia humana. A História se faz humana!!!

sexta-feira, 24 de julho de 2009

FOTO DO MÊS

Julho de 2009
REVOLUÇÃO FRANCESA
Alegoria de Jeaunat de Betry que apresenta Rousseau como inspirador das ideias da Revolução. À esquerda um obelisco a Galileu; na coluna, a reforma dos costumes e ao fundo a guilhotina
Julho de 2009 comemora-se os 220 anos da Queda da bastilha, ponto principal da Revolução Francesa

Curiosidades

Se alguém me perguntar. Agora saberei responder!!!

A parte do leão

Chegou a hora de acertar contas com a Receita Federal:
lá vem a mordida do "leão" do imposto de renda! A "parte do Leão" remonta a uma fábula antiquissima, presente nas obras dos gregos Esopo e Platão (respectivamente, séculos VI e V a.C.) e reinventada por La Fontaine no século XVII. Na versão do francês, um leão convida outros três aninais para caçar - uma bezerra, uma cabra e uma ovelha - e combina com eles dividir por igual o que conseguirem. Terminado o trabalho, o rei da selva pega a primeira parte
da carne e justifica: "Esta é minha, e a razão é que eu me chamo leão. (...) A segunda me cabe ainda por direito: o direito do mais forte. Como o mais valente é que eu reclamo a terceira. A quarta, se algum de vós a tocar, será estrangulado". O "leão" brasileiro ainda não fica com 100% da renda, mas um dia chega lá.
Revista de História da Biblioteca Nacional, Abril de 2008, n. 31, ano 3.
"Escravidão"
Por que a escravidão no Brasil durou quase quatrocentos anos?
Luiz Felipe de Alencastro, professor na Universidade de Paris IV (Sorbonne), RESPONDE
Quando Cabral desembarcou na América do Sul, os portugueses possuíam grande experiência com o sistema escravista. Nas Canárias, na Madeira, e na ilha de São Tomé, o tripé cana de açucar, engenho e escravos negros estava bem rodada. Graças a sua presença nos portos africanos, Portugal será a maior potência negreira e o Brasil o maior importador de escravos do Novo Mundo. Em cada etapa econômica, a importação de africanos foi mais forte no Brasil do que em qualquer outra área das Américas. Entre 1575 e 1625, no pico do açucar, entre 1701 e 1720, quando deslanchou o ouro e entre 1780 e 1810, no período de renascimento agrícola. Só há um ciclo econômico, o grande ciclo do tráfico negreiro que, de 1550 a 1850, deu origem aos subciclos escravistas do açucar, do tabaco, do ouro e do café. O comércio bilateral entre as zonas escravistas e os portos africanos, onde pesavam os interesses brasileiros (sobretudo, em Angola), reforçaram a complementaridade entre o Brasil e a África. A Independência não quebrou esses laços e um dos pulmões da sociedade brasileira continuou fixado na África até 1850. A partir daí, a abolição da escravidão entra em pauta no Parlamento. Entranhada nas instituições, cobrindo o país inteiro (ao contrário do caso dos EUA), a escravidão era consubstancial ao equilibrio político. Quando acabou, levou o Império e o regime parlamentar de roldão.
Revista NOSSA HISTÓRIA - Ano 2 - n. 13 - novembro 2004

FRASES DO MÊS DE JULHO

Mês de Julho:

"É em vão que os políticos imaginam interessar-se mais
pelos princípios do que pelos homens: seus próprios atos
representam o desmentido flagrante da pretensão".

Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982)
Historiador, em 1936.

"O poder é uma Camaleão ao contrário. Todos tomam
a sua cor."

Millôr Fernandes, escritor, sobre um mal nacional

"O brasileiro não tem medo do fim do mundo.
Tem medo é do amanhã."

Jean Delumeau, historiador francês,
autor de O medo no Ocidente (1978)

quinta-feira, 23 de julho de 2009

A História é um profeta com o olhar voltado para trás

Pense sobre a imagem transmitida pela frase-título. Repare que ela reúne as três dimensões básicas do tempo - passado, presente e futuro.
O profeta é um homem que, como os demais, vive o presente, e viver o presente significa ter consciência da realidade vivida. E ter consciência da realidade significa conhecer o processo histórico que forjou as condições de vida do presente, ou melhor, é conhecer o passado, cujos traços ainda se podem perceber no presente, é conhecer as transformações por que passou e ainda passa a sociedade em que se vive.
E o que vem a ser um profeta?
Profeta é aquele que fala sobre o futuro: mostra. às vezes através de uma linguagem metafórica e geralmente apocalíptica, o que ainda está por acontecer. Ora, por que o profeta é capaz de fazer isso? Seria ele um privilegiado, um gênio?
Não, ele é apenas um homem que, conhecendo o passado e, portanto, tendo consciência clara da realidade vivida no presente, pode perceber as tendências das transformações sofridas pela sociedade em que vive - pode, enfim, prever o futuro.
Agora, pense um pouco...Essa possibilidade de compreensão do contexto em que se vive tem sido privilégio de alguns poucos homens. Hoje, no século XXI, podemos perguntar: o que poderia contribuir para permitir essa percepção a muitos homens? Como fazer de todos os homens os profetas de seu tempo?
Se todos os homens de uma sociedade puderem ter a consciência clara da realidade vivida por eles, e dessa forma perceberem as tendências das transformações sociais, terão consciência também do seu poder de transformar o mundo. E, portanto, não mais teriam a visão fatalista do profeta. Na verdade, os profetas não existiriam. Os homens seriam, verdadeiramente, os senhores de seus destinos. Saberiam que seus atos são de enorme importância para o futuro. Melhor ainda, o tempo que os separa do futuro seria apenas o tempo gasto para a construção do sonho do presente. E os homens seriam realmente livres, pois estariam abrindo caminho para a sua própria libertação e para a libertação de todos os homens.
E como chegar a essa condição de senhores dos próprios destinos? Como chegar a ter a liberdade para pensar e agir de acordo com as necessidades mais reais e vitais, de acordo com os sonhos?
Bem, para isso muita coisa precisa ser feita, coisas bem concretas, ligadas, principalmente, às condições de subsistência, ao modo de produção da sociedade. Por quê?
Porque seria ilusão pensarmos que a construção de um mundo melhor depende apenas da melhoria de cada homem individual e isoladamente. Você não deve esquecer que o que somos interiormente é fruto do nosso modo de vida, das condições de vida da nossa sociedade. Portanto, será melhorando as condições de vida da sociedade como um todo, sem discriminações de espécie alguma, que poderemos almejar o encontro com homens inteiros, íntegros e dignos. Porém, é claro, o aspecto ideológico é igualmente importante no processo de construção de um mundo melhor, pois nenhuma sociedade poderá resolver de forma global seus problemas se não puder contar com a totalidade de seus integrantes, não apenas como trabalhadores braçais, mas também como trabalhadores intelectuais.
Ora, você leitor já deve ser capaz de perceber aonde quero chegar!!!
Em qualquer grupo, os homens precisam conhecer a História da sociedade em que atuam. Precisam ter consciência histórica para serem verdadeiramente homens. Você já pode perceber que ter consciência histórica é conhecer as transformações vividas na sociedade em que se atua. Portanto, ter consciência histórica significa ter consciência do nosso poder de transformação, do nosso poder de sermos agentes da História e não seres passivos, acomodados, que sofrem a História. Por isso, ter consciência histórica significa sermos verdadeiramente homens, homens conscientes para podermos construir um mundo melhor - não como objetos, não como instrumentos de trabalho de uma classe dominante, mas como seres humanos inteiros e criativos que trabalham realizando tarefas produtivas, intelectuais ou braçais, que atendam às necessidades da coletividade.
A consciência histórica não se adquire através da leitura passiva da historiografia existente! A consciência histórica se constrói e, como toda construção, é um processo ativo, de transformação interior do homem, de crescimento do homem. A construção da consciência histórica implica principalmente uma ação sobre o mundo. Será a nossa prática social, nossa participação como elemento de uma classe social e de uma determinada categoria profissional que nos levará a uma percepção histórica...A partir da luta para a satisfação de nossas necessidades mais reais e vitais, hoje, aqui e agora, precisamos buscar um conhecimento do passado, conhecer como os homens empreenderam essa luta que hoje é também nossa luta.

Um blog de ajuda aos estudantes de História


Professores, alunos, alunas e entusiastas do mundo da História.

Esse blog tem por finalidade levar a debates, foruns e estudos sobre a disciplina História. Aqui iremos conhecer autores, textos, curiosidades do passado. As novas leituras de fatos históricos, as situações do ensino de História nas escolas e os modelos pedagógicos de sucesso nessa disciplina.

Espero que possamos chegar ao objetivo final, que é o de transformar a disciplina História em uma fonte de riqueza para as experiências do presente. Então, vamos viajar nesse mundo mágico dos fatos, pesssoas, espaços e tempo no mundo chamado Terra.